O secretário municipal de Obras Públicas, Rodrigo Rodrigues, esteve nesta terça-feira (1º) na Câmara de Curitiba para prestar esclarecimentos dos atrasos das obras da Linha Verde, especialmente após a rescisão de dois contratos entre a prefeitura e a construtora Terpasul, empresa que era responsável pela execução de três lotes.
A presença de Rodrigues no Legislativo foi motivada por um pedido da vereadora Professora Josete (PT) após receber um dossiê com detalhes sobre os contratos. A documentação, que tem anexada o relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) que apontou uma série de falhas no projeto executivo da Linha Verde, levantou uma série de dúvidas sobre o planejamento da obra.
Os lotes que eram de responsabilidade da Terpasul compreendiam o trecho que começa na altura da Avenida Victor Ferreira do Amaral e segue até o cruzamento com a Rua Fagundes Varela; da trincheira que ligará as ruas Fúlvio José Alice e Amazonas de Souza Azevedo sob a Linha Verde, entre o Bairro Alto e o Bacacheri; e até o fim da Linha Verde que liga as estações Solar e Atuba, nos limites entre Curitiba e Colombo.
Ao todo a Prefeitura de Curitiba já pagou pelos três lotes um montante de cerca de R$ 80 milhões. Dois dos lotes da Terpasul já tiveram os percentuais de 85% e 74% entregues e um terceiro apenas 4%. “Não dá pra entender uma rescisão unilateral para os três lotes, sendo que dois deles já tiveram grande parte de sua conclusão. Outra dúvida é porquê então a gestão demorou tanto para rescindir esses contratos?”, questiona Josete.
Sem resposta – Nas três horas de audiência na Câmara, o secretário culpou a empresa pelo atraso, além de criticar a burocracia e ingerência de órgãos reguladores. Ele afirmou que todas as considerações do TCU foram respondidas pela prefeitura. Porém, as duas principais perguntas da vereadora ficaram sem respostas: quanto ainda será gasto dos cofres públicos para conclusão da obra e quando ela será entregue? Rodrigues informou que uma comissão de engenheiros foi formada e, somente após a conclusão dos trabalhos deste grupo, as questões serão respondidas.
Para a vereadora, as duas principais dúvidas da população ficaram sem resposta. “O que a população de Curitiba quer é uma previsão de quanto tempo ainda durará essa obra, que vem se arrastando há anos. E cabe a nós, na condição de fiscalizadores, questionar quanto ainda será gasto dos cofres públicos”, ressalta Josete.
Fiscalização – Apesar de ser um agente público, Rodrigues colocou em xeque os motivos de sua convocação, sendo necessário que a proponente lembrasse que um dos principais papéis da Poder Legislativo é de fiscalização. “Fiscalizar e zelar pelo bem público é uma de nossas principais atribuições. Essa obra não avança ou emperra na Justiça. É dinheiro público que está sendo gasto e há um transtorno para população que usa diariamente a Linha Verde e espera sua conclusão. O que pedimos é transparência e agilidade nesta obra e que as atitudes tomadas pela prefeitura não levem a um atraso ainda maior. Não é a Professora Josete que precisa de respostas, mas sim a população de Curitiba”, argumentou.
A Linha Verde é uma das maiores intervenções urbanas de Curitiba e começou a ser feita em 2007. O valor total é de R$ 477 milhões e as obras prometidas inicialmente para 2013 que foram recentemente reprogramadas para novembro de 2020 e podem atrasar ainda mais. Pela via trafegam diariamente cerca de 50 mil veículos. São 22 quilômetros de extensão, ligando a cidade do Sul ao Norte, desde o Pinheirinho ao Atuba, beneficiando 23 bairros numa área de abrangência de 287 mil pessoas.
Foto: Rodrigo Rodrigues, secretário de Obras Públicas
Crédito: Carlos Costa/CMC