A assessoria de imprensa do mandato da Professora Josete conversou com a Doutora Gladys Reneé de Souza Sánchez, presidente da ONG Casa Latino Americana – CASLA de Curitiba. Uruguaia de nascimento, Gladys se formou em medicina na Bélgica, após um período de exílio durante o golpe militar chileno. Veio para o Brasil no período da reabertura política. Aqui, se propôs ajudar aqueles que, como ela, tiveram que começar a vida novamente em um lugar diferente. No último dia 17, a CASLA, junto com a Comissão de Direitos dos Refugiados e Migrantes da OAB – Seção Paraná, lançou a campanha “Somos Tod@s Migrantes”. Acompanhe a conversa sobre a campanha e a situação dos migrantes em Curitiba e no Paraná.

Quais são os principais objetivos da campanha?

Gladys Reneé de Souza Sánchez: O objetivo é sensibilizar a sociedade para a situação destas pessoas. Nossas metas principais passam pela inclusão social, respeito aos direitos, respeito à diversidade e o respeito à capacidade de cada pessoa. As pessoas precisam entender que a vinda destes migrantes pode ser um projeto de desenvolvimento. O benefício que as pessoas vêem geralmente é o enriquecimento cultural. A troca de experiências pode enriquecer culturalmente, mas a vinda desta mão de obra também pode ajudar no desenvolvimento do estado.

Na CASLA vocês lidam diariamente com estes migrantes. Por que eles saem de seus países e vêm pra cá?

Gladys: Na maioria quase absoluta dos casos é por problemas econômicos. Na África, por exemplo, após o saque feito durante os últimos séculos, os povos estão vivendo em estado de miséria. Há uma vulnerabilidade social muito grande. Por isso estamos lutando por uma participação formal do poder público com os migrantes. Não há nenhuma política pública que garanta a eles a inserção na sociedade. A política de segurança que é usada hoje é da época da ditadura. Aqui em Curitiba, queremos construir um Conselho Municipal que lide com a questão da migração. Os vereadores receberam a proposta da campanha com muita dignidade. Aguardamos que haja um avanço neste sentido.

Como fazer essa inserção?

Gladys: No caso dos haitianos, por exemplo. Hoje seis advogados voluntários trabalham na CASLA e regularizam a situação deles com um Registro Nacional de Estrangeiro. Isto garante a eles os mesmos direitos de todo cidadão brasileiro, menos votar. Se têm os mesmo direitos, poderiam receber empréstimos dos bancos, mas não é isso que acontece. Os migrantes deveriam participar do Minha Casa, Minha Vida, da Economia Solidária. Têm que ser respeitados.

Como está a situação destas pessoas no mercado de trabalho brasileiro?

Gladys: São professores, tradutores, eletricistas e todos estão na construção civil. Estas pessoas têm que ser respeitadas dentro das suas funções. Têm capacidade e precisam atuar em suas áreas. Eu entendo que o Paraná e Curitiba são locais multiétnicos, com uma variedade cultural muito grande. Nos últimos anos percebemos uma mudança no Brasil, que deixou um pouco de ver seus cidadãos saindo para fora do país e passou a receber novamente migrações. Devemos estar felizes com isso. Na Casla recebemos pelo menos cinco novos imigrantes por dia. Mas precisamos olhar para estas pessoas de forma humanitária.

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