A Frente Parlamentar criada na Câmara de Curitiba para o acompanhamento do Plano de Vacinação recebeu nesta quinta-feira (27) a professora Andrea Emilia Marques Stinghen, pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Parasitologia e Patologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O debate, que teve como tema central a participação das instituições de pesquisa e das universidades públicas no combate à pandemia, foi mediado pela vereadora Professora Josete (PT).

A pesquisadora falou sobre a vacina em desenvolvimento na UFPR, que deve encerrar a fase de testes pré-clínicos até o fim de 2021. A estimativa é que até 2022 o imunizante possa ser disponibilizado para a população, caso seja aprovado os testes e haja recursos para sua produção. “Temos mão de obra qualificada e conhecimento intelectual para o desenvolvimento. As universidades públicas e os institutos, como o Butantan e a FioCruz, têm muito a contribuir e responder as demandas da sociedade, desde que não sejam cortadas verbas para bolsas e para pesquisa”, comentou Andrea.

Questionada sobre a situação da pandemia no Brasil, a pesquisadora classificou como uma “gestão desastrosa” do governo federal e pontuou duas questões como centrais para o fracasso: a tentativa de “imunidade de rebanho” e a indicação de remédios sem comprovação contra a Covid-19. “Pontuo esses dois aspectos, primeiro tentaram nos colocar na imunidade de rebanho – uma estratégia altamente criticada por pesquisadores e autoridades sanitárias – e que fracassou em vários países do mundo. O segundo ponto é oferecer a população medicações que não funcionam, primeiramente a Cloroquina e depois a Ivermectina, que posteriormente se transformaram no chamado “kit Covid”, afirmou.

Andrea Stinghen também fez uma avaliação das ações dos governos estadual e municipal no enfrentamento à pandemia. “Primeiramente temos que avaliar que não feito um lockdown nacional. Sabemos que as medidas de controle têm que partir do maior ente (no caso o governo federal) para os menores (estados e municípios). A União delegou isso para os governadores e prefeitos. Esse foi um primeiro problema”. Além disso, tanto o governador Ratinho Junior quanto o prefeito Rafael Greca “não conseguiram bancar o isolamento social sem ceder a pressões”.

Outros pontos criticados pela professora é estratégia do município de Curitiba de regular a pandemia com base nas vagas de leitos, a falta de critérios científicos sobre a essencialidade de serviços e a ausência de um auxílio emergencial para pequenos e médios comerciantes neste momento de crise. “A cada sete minutos uma empresa paranaense fecha. Isso também é resultado de uma má gestão da pandemia por parte dos governos”, comentou Andrea.

Ao fim da reunião da Frente Parlamentar, a pesquisadora da UFPR defendeu testagem e vacinação em massa como soluções principais para enfrentamento à pandemia, prestou sua solidariedade às mais de 450 mil famílias que perderam entes queridos e deixou um recado para que a população acredite na ciência e na educação.

A participação de Andrea Stiguen está disponível no Youtube.

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