A primeira reunião da Comissão de Educação de 2024, ocorrida nesta segunda-feira, dia 26, foi marcada por emoção e revolta.
Após a apreciação dos projetos em pauta, foi concedida a palavra à atual diretora e fundadora do CEI – Centro de Educação Infantil, no bairro Uberaba, Maria Cazetta, Elizabeth de Oliveira, a Beth.
Com mais de vinte anos de atividades, a Escola, que até 2023 atendia cerca de 200 crianças de 0 a 3 anos, todas em vagas contratadas pelo município, fechou as portas por dificuldades financeiras.
Problema que não é exclusivo da escola administrada pela Beth. Em 2019, a Prefeitura mudou o modelo de repasse aos CEIs, passando a pagar apenas pelos 10 meses que as escolas recebem os alunos.
Como as despesas como água, luz e salário dos funcionários ocorrem os 12 meses, 13 no caso das trabalhadoras e trabalhadores, o fechamento das contas dessas instituições virou um malabarismo.
Para se manter, os CEIs precisam receber verbas de empresários ou instituições religiosas. No Caso do Maria Cazetta, que atendia apenas alunos contratados pela Prefeitura, a situação foi se agravando até o ponto deste ano precisar fechar as portas.
Não à toa, a Beth fez transparecer toda sua emoção durante a fala na reunião da Comissão.
Sem qualquer reconhecimento ao histórico da Escola, a Prefeitura remanejou as crianças para outras escolas da Região.
Vale ressaltar o trabalho de vanguarda exercido pela Beth e toda sua equipe, com uma proposta pedagógica diferenciada. Atendimento que rendeu à diretora inclusive homenagem na Câmara Municipal.
A decisão revoltou parte dos pais, que gostavam dos serviços prestados pela Escola Maria Cazzeta. Também tem a questão da distância até a nova escola, que tende a aumentar na maioria dos casos.
Não é de hoje que o nosso mandato tem lutado por um maior comprometimento da Prefeitura com os Ceis. Além de ser apenas por dez meses, o valor por criança repassado aos Centros é insuficiente e menor do que o custo de uma criança na rede própria.
É fundamental que a Prefeitura ofereça o suporte necessário para evitar que a Escola Maria Cazetta deixe de atender a população.
De acordo com dados oficiais da Prefeitura, o investimento em educação em 2023 foi R$ 40 milhões menor que em 2022. Por outro lado, a Cidade tem anunciado superávit nas contas, isso é, gastou menos do que arrecadou em 2022 e nos dois primeiros quadrimestres de 2023.
Fica a pergunta: se Curitiba é uma Cidade Educadora de verdade, por que não oferece melhores condições aos 143 que prestam um serviço essencial para a população?
Crédito: Bruno Slompo/CMC