O 5º e último mandato da Professora Josete está chegando ao fim. Para a tristeza de muitas e muitos eleitores fiéis, em fevereiro deste ano a vereadora anunciou que não pretendia mais se candidatar, pois pretende abrir espaço para novas pessoas e pretende integrar a militância em novas atividades.

Portanto, nesse clima de despedida, a equipe do mandato da Jô desenterrou materiais históricos dos úlimos 20 anos para rememorar tudo o que foi construído, conquistado – ou até que ficou para trás – na montanha russa do PT curitibano do século XXI.

Prontos para começar?

2004 – Uma Nova Vereadora

Após a primeira eleição do presidente Lula, em 2002, o PT crescia significativamente pelo Brasil e pautas populares ganhavam sua merecida atenção na esperança de um novo milênio de desigualdades reduzidas.

Em Curitiba, não era diferente: o Partido dos Trabalhadores estava na corrida pela prefeitura, com Ângelo Vanhoni como forte candidato ao segundo turno contra o tucano Beto Richa (PSDB), com uma das principais pautas sendo a valorização do servidor público municipal, como os (as) professores (as).

Assim, para fortalecer a luta, o SISMMAC (Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba) viu a necessidade de eleger um representante na Câmara Municipal. O nome mais quotado foi o de Josete, que lecionara tanto nas redes estadual como municipal desde 1985 e era a atual presidente do sindicato.

Além disso, um momento especifico colocava a jovem professora em destaque na memória dos integrantes do SISMMAC: alguns anos antes, em 2001, durante um debate sobre os novos planos de carreira dos servidores na Câmara Municipal, Josete foi a militante escolhida para subir na tribuna e falar pelos servidores, que naquele dia lotavam as galerias da casa — segundo relatos — somando mais de 300 pessoas.

Tal fala teria sido extremamente marcante e, apesar dos planos daquele dia não terem sido aprovados, inflamou a coragem dos servidores para permanecerem na luta, que nos meses seguintes geraria bons frutos.

Dessa forma, mesmo com receio e até recusando de início, Josete aceitou o desafio de se candidatar.

“No início, não queria. Não achava que ser vereadora era para mim. Foi depois de algum tempo e bastante conversa com os colegas do sindicato que eu concordei” relembra a vereadora, em entrevista.

Militantes e Josete (à direita) em campanha no ano de 2004

Professora Josete, ou “a mulher do poste”

Como na maioria das candidaturas, os recursos eram escassos. A parlamentar conta:

“Só tínhamos dois carros disponíveis para fazer a campanha toda, então tínhamos que usar com máxima eficácia. Eles nunca paravam quietos”

Assim, para não desperdiçar recursos, era comum que os colegas membros da campanha realocassem os mesmos banners com a foto da candidata para diferentes pontos da cidade, fazendo parecer que havia mais deles por toda parte.

E veja só: funcionou tão bem que a população se acostumou a ver o rosto de Josete pendurada pelos postes do Centro, em especial em sequência na Rua XV. Assim, surgiu o apelido popular: “a mulher do poste”, ou “a mulher do batom”, em referência ao seu batom vermelho em destaque combinando com a cor do partido.

Santinho (frente e verso) da campanha do PT Curitiba em 2004

Então, deu a lógica… PT para o segundo turno!

Vanhoni fez 292.965 votos e disputaria contra Beto Richa, como esperado. A surpresa mesmo foi como essa popularidade da sigla e o carisma dos candidatos rendeu frutos. A coligação “Aliança Ta Na Hora Curitiba”, da qual o PT fazia parte, foi a mais votada e o partido elegeu três candidatos para a Câmara Municipal — André Passos, Roseli Isidoro e ela, Professora Josete, com 7.125 votos.

A notícia veio de surpresa na sede da campanha: “Achávamos que faria uma boa votação, mas nunca imaginava que seria eleita”, relata Profesora Josete.

Assim, começavam seus 20 anos de carreira política. Seria uma jornada longa repleta de altos e baixos, passando por uma das maiores crises políticas desde a redemocratização. A jovem vereadora teria muito a aprender e construir.

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