O Dia Internacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Curitiba foi marcado por uma ação solidária que uniu o campo e a cidade em torno da partilha a quem mais precisa. Em meio à crise sanitária, ao aumento do desemprego e da fome no país, camponeses assentados ou acampados da reforma agrária, voluntários, membros de instituições sociais e religiosas, sindicalistas e movimentos sociais distribuíram neste sábado (1º), 560 cestas básicas, 100 botijões de gás e mais de 4 mil peças de roupas para a população em situação de vulnerabilidade na região da Cidade Industrial de Curitiba (CIC).

A ação chamada “Plantar Solidariedade e Defender a Vida” aconteceu no Centro de Integração Social Divina Misericórdia (CISDIMI), espaço mantido pelo Centro de Assistência Social Divina Misericórdia (CASDM). Além da partilha de alimentos, a mobilização contou com um mutirão de plantio de 200 mudas de árvores frutíferas e nativas, 10.600 mudas de legumes, verduras e temperos para a inauguração de uma agrofloresta de 3 mil metros quadrados batizada com o nome do Papa Francisco.

Convidado para fazer a benção dos alimentos doados, o arcebispo Dom José Antônio Peruzzo, afirmou que o 1º de maio em Curitiba foi rico em significados e organizado por grupos que lutam pelo bem comum. “Em tempos de tanta competividade, polarizações de toda ordem, de desemprego em níveis até então não vistos, do aumento da fome e de confrontos gratuitos, uma experiência como essa de hoje tem um caráter profético: sem elevar a voz, é possível suscitar esperança”, enfatizou o líder religioso.

Para Irmã Anete Giovani, coordenadora do CCASDM, a concretização da agrofloresta no centro comunitário foi a realização de um sonho cultivado há 15 anos. “Queremos resgatar com as crianças, os adolescentes e idosos o amor pelo planeta e a valorização da vida. Para nós é realmente a concretização de um sonho. É muito importante porque a gente sente que daqui brota muita vida, muita partilha, muita solidariedade, muito cuidado; a cultura do cuidado”.

Roberto Baggio, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), destacou que o Dia dos Trabalhadores foi celebrado em meio a um momento em que a sociedade passa por contradições estruturais.“De um lado temos uma pequena parcela de bilionários e de outra 126 milhões de brasileiros que não tem comida necessária na mesa todos os dias. Nossa sociedade adoeceu, ela está na UTI. Precisamos de atitudes coletivas, de experiências que unem o campo e a cidade, alimentando a esperança de um novo período histórico, de uma sociedade mais igualitária, solidária e humana”, apontou.

A atuação dos movimentos sociais neste momento de pandemia foi destacada pelo desembargador Fernando Prazeres, presidente da Comissão de Conflitos Fundiários no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), que participou da atividade na CIC. “Essa é uma ação que nos dá alegria e esperança. Destes movimentos produzindo alimento e de forma solidária partilhando sua produção com os mais necessitados”.

Presente na atividade, a vereadora Professora Josete (PT) destacou a união dos trabalhadores do campo e da cidade nas ações solidárias do 1º de Maio. “O 1º de Maio para nós é simbólico, um dia de reafirmamos bandeiras históricas e lembrarmos daqueles homens e mulheres que deram seu sangue para a conquista de direitos da classe trabalhadora. Essa ação de hoje, aqui no Sabará, unindo camponeses com trabalhadora da cdade demonstra a força do povo organizado”, comentou.

Moradora da Vila Corbélia, Vera Lúcia dos Santos foi uma das pessoas beneficiadas pela doação de alimentos. Desempregada e mãe de quatro filhos, ela agradeceu a solidariedade com a população da região. “Estou passando por um momento difícil, está difícil de conseguir emprego nesta pandemia e ficamos até sem palavras com esse tipo de ajuda. Só tenho a agradecer a Deus e a essas pessoas”. O mesmo sentimento de Aquiles Proença, também morador da CIC. “Nunca tinha visto nada igual a isso, tanto alimento, tanta roupa, tanta ajuda”, disse, emocionado.

Também neste sábado, em Curitiba, centrais sindicais organizaram uma carreata solidária do 1º de Maio. A atividade teve como mote a vacinação para todos, auxílio emergencial de R$ 600 e por mais empregos.

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