“A população está pagando de forma triplicada por essa tarifa. Lá atrás quando a prefeitura abriu mão da multa de cerca de R$ 50 milhões dos empresários, quando em 2017 a prefeitura reajustou em 15% a tarifa e agora com esse novo reajuste anunciado”. A declaração foi feita pela vereadora Professora Josete (PT) nesta segunda-feira (25) durante debate sobre o reajuste na tarifa do transporte coletivo em Curitiba.
O aumento da tarifa, que passará de R$ 4,25 para R$ 4,50 na quinta-feira (28), foi discutido na votação de uma Moção de Repúdio contra o aumento. Contraponto a declaração de Rafael Greca sobre o reajuste atual estar abaixo da inflação, a vereadora argumentou que uma das primeiras medidas do prefeito quando eleito foi aumentar a tarifa de R$ 3,70 para R$ 4,25. “Em 2017 esse aumento representou 15% quando a inflação do período era de 6%”, lembrou Josete.
A parlamentar lembrou que no fim de 2017 o prefeito assinou um acordo judicial com o Setransp (Sindicato das Empresas do Transporte) liberando os empresários do pagamento de cerca de R$ 50 milhões em multas por não cumprirem indicadores de qualidade. “A prefeitura abriu mão desse valor. Na época também havia o questionamento da tarifa técnica ser inferior aos R$ 4,25. Tudo isso foi alvo de uma ação judicial”, recordou.
Outro ponto questionado foi o de que o aumento é necessário em virtude da renovação da frota de veículos. “A renovação da frota, da qual o prefeito e as empresas apresentam como uma ‘benesse’, nada mais é do que respeitar um dos itens da tarifa técnica”, argumentou a vereadora.
Josete ainda questionou o subsídio de R$ 50 milhões dos cofres da prefeitura para subsidiar o transporte. “De onde sairá esses R$ 50 milhões anunciados para subsidiar o transporte, visto que ele não estava previsto no orçamento do município?”, indagou Josete. Em resposta, o vereador Osias Moraes (PRB), líder do prefeito na Câmara, adiantou que ele será proveniente de um crédito adicional, porém sem prestar detalhes da procedência deste recurso.
Moção rejeitada
A moção de repúdio contra o aumento da passagem foi rejeitada em plenário pela maioria dos parlamentares, seguindo orientação do vereador Osias Moraes. “Peço o voto contra pois esse subsídio é importante para a população. Foi um acordo de cavalheiros entre o prefeito e o governador para beneficiar a população. Junto com esse aumento virá a integração metropolitana do sistema, os novos corredores exclusivos que serão feitos pela Urbs”, defendeu o líder da base governista.
Favorável a moção, a vereadora Noemia Rocha (MDB) afirmou que o repúdio não seria “da oposição”, mas sim da população que é contra o aumento da tarifa. Ela criticou o fato da tarifa técnica prever o pagamento de impostos das empresas. “Será que o usuário está satisfeito por pagar imposto de renda de empresário do transporte? De pagar uma conta que não é dele?”, questionou.
Josete lamentou a rejeição de uma moção que refletia um descontentamento da população diante do reajuste da tarifa. Ao fim dos debates, a vereadora convocou a população a se unir ao ato contra o aumento da passagem que será realizado nesta terça-feira (26), a partir das 17h30, na Praça Rui Barbosa, no centro de Curitiba.
Foto: Rodrigo Fonseca/CMC
Estaremos lá. Antonio.