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CPI do Transporte Público de Curitiba apontou irregularidades similares às que estão sendo investigadas no interior na capital. Foto: Divulgação

 

A prisão de diversos envolvidos em um suposta organização criminosa no transporte público nas cidades paranaenses de Guarapuava e Maringá e na capital federal, Brasília, pode ter consequências para o transporte público de Curitiba. Apesar do coordenador estadual do Gaeco, Leonir Battisti, ter afirmado que a operação não tem a ver com o transporte na capital, os envolvidos no esquema possuem relação com as empresas que gerem o transporte em Curitiba. Entre eles está Sacha Reck, advogado do Sindicato da Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp).

Além disso, os proprietários das empresas investigadas também são donos de concessionárias do transporte coletivo de Curitiba. Alguns dos alvos da operação atuam nas empresas da família Gulin, que controla a maior parte do transporte coletivo em Curitiba e também nestas cidades investigadas – segundo levantamento da CPI do Transporte Público de Curitiba, realizada na Câmara Municipal em 2013, 68,7% das empresas de transporte de coletivo de Curitiba são controladas por empresas da família Gulin

Em 2013, a CPI do Transporte Público de Curitiba apontou diversas irregularidades semelhantes às que estão sendo investigadas no interior e em Brasília na atual operação. Entre os crimes investigados estão as fraudes em licitações, prática que a CPI apontou que também ocorreu em Curitiba. Segundo reportagem do jornal Gazeta do Povo, o grupo criminoso utilizaria “laranjas” para esconder a fraude.

“As investigações, iniciadas em 2013, indicam que integrantes de empresa de engenharia especializada em transporte coletivo, advogados e representantes de empresas de ônibus formam o grupo criminoso, que utiliza “laranjas” e formações societárias no intuito de ocultar a existência do grupo econômico. De acordo com o Gaeco, indícios apontam que a organização criminosa age pelo menos desde 2009, cooptando agentes públicos para a prática dos crimes. Com a participação dessas pessoas, o grupo obtém meios de remunerar ilicitamente, com dinheiro público, a organização das fraudes concorrenciais, contratando componentes do grupo criminoso para prestar assessorias simuladas ou substituir comissões de licitação. “Os criminosos se alinhavam com servidores públicos para conduzir as licitações”, exemplifica Battisti.”, aponta a matéria.

Atores repetidos

Em entrevista ao Paraná Portal, a autora da ação contra o ex-prefeito de Guarapuava, Luiz Fernando Ribas Carli, servidores públicos municipais e representantes de empresas do transporte público da cidade por fraude na licitação da concessão de transporte coletivo urbano da cidade, a promotora Leandra Flores, disse que acredita que o mesmo esquema pode ter acontecido em Curitiba.

“A denúncia que apresentamos é específica sobre o caso de Guarapuava, mas já há indícios de que o crime aconteceu em outras cidades. Pode ter acontecido em Curitiba, porque os atores se repetem, mas isso a gente só vai conseguir comprovar quando analisar todo o material que a gente apreendeu”, disse ela ao jornal.

Para a vereadora Professora Josete, que participou ativamente da CPI do Transporte na Câmara, a ação do Gaeco representa um passo importante para a investigação dos problemas do transporte público em Curitiba. “Há anos estamos apontando, denunciando e cobrando das autoridades respostas para os indícios de fraude e formação de cartel na operação do transporte de Curitiba, mas até agora não havíamos conseguido nenhuma ação efetiva. Temos que ficar atentos para exigir que esta mesma investigação que está sendo feita no interior do estado seja feita também na capital, e a partir disto por fim a este cartel, para garantir uma tarifa acessível a toda a população e um transporte público de qualidade”, aponta.

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