A vice-prefeita de Curitiba é também secretária de uma das pastas mais importantes da cidade: a Secretaria de Trabalho e Emprego. Mirian concedeu entrevista para a assessoria de imprensa do mandato da vereadora Professora Josete e falou sobre o esforço para aproximar o trabalho da secretaria do cidadão e da cidadã curitibanos. Confira:
Quais as principais inovações feitas nestes dois anos de gestão?
Desde o início nós tivemos uma mobilização no sentido de levar a Secretaria até a população, realizar uma descentralização e uma formação, tirar a visão burocrática que existia. Em 2014 foram feitos 473 mil atendimentos nos postos do Sistema Nacional do Emprego (SINE), que agora estão distribuídos nas nove regionais da cidade, sem contar o SINE Móvel, que é uma van que roda a cidade oferecendo os mesmos serviços dos postos. A taxa de colocação nas vagas de emprego também aumentou. 2.255 trabalhadores cadastrados pelo SINE em 2014, 6,5% do total, conseguiram as vagas que pretendiam, o que representa um aumento de 21% em relação a 2013. A gente está fazendo uma revolução, através da intermediação entre trabalhadores e empresas, do oferecimento de vagas e da agilidade na entrega da carteira de trabalho.
Quais as ações da Secretaria para acompanhar o desenvolvimento profissional do trabalhador curitibano?
Nós temos, através dos liceus do ofício, que agora estão sob responsabilidade da SMTE, qualificação profissional dentro dos moldes do Pronatec. Os cursos têm carga horária de 160 horas e são direcionados a diversos segmentos de ocupação, como auxiliar de eletricidade predial, costureiro/a, operador de computador, operador de processos de produção, auxiliar administrativo, assistente de planejamento, etc. Antes estes cursos eram ofertados pela FAS. Enquanto essa responsabilidade dos liceus estava com a FAS, eram feitos cursos de diversas áreas, mas sem a responsabilidade de formar profissionalmente as pessoas, que é uma responsabilidade própria da Secretaria do Trabalho. Trabalhamos junto com a FAS para fazer essa transição. Nós estamos fazendo a qualificação profissional e a intermediação, para acompanhar o resultado dessa qualificação. Então não é uma qualificação pela qualificação, é uma qualificação com o objetivo de inserção no mercado de trabalho. Quando os liceus vieram para nós, a ideia foi mudar completamente o perfil. São 26 liceus na cidade que nós estamos fazendo em parceira com o Senai e está sendo um sucesso absoluto.
Qual foi a razão para a interrupção do programa ProJovem?
Interrompemos o programa ProJovem porque havia sinais de corrupção, de desvio de dinheiro (confira aqui o pedido de informações que a Professora Josete fez à Prefeitura a respeito das denúncias de desvio de dinheiro no ProJovem). Fizemos um levantamento que hoje está com a Justiça federal, com o Tribunal de Contas e com o Ministério do Trabalho e é algo que eu acredito que deva terminar em processo penal.
Como está a situação das filas de espera nos postos de atendimento em Curitiba?
A situação na fila de espera estava crítica. As pessoas chegavam às vezes meia-noite, três da manhã, para pegar senha para as sete horas da manhã. E são pessoas que já estão em uma situação de vulnerabilidade, que perderam o emprego, precisam do seguro e precisam de outro emprego. O que nós fizemos foi uma descentralização das filas. Além da questão das filas, nós combatemos também uma questão que acontecia antes. Havia uma atuação das empresas no sentido de usar a estrutura da Secretaria, montar seus guichês, levarem para si os trabalhadores sem qualquer acompanhamento da Secretaria. Ou seja, era feita uma feira de exposição dos trabalhadores, onde as agências de emprego passavam e recolhiam na prateleira o que elas achavam melhor. Para resolver isso, nós fizemos a Secretaria buscar vagas de todas as áreas com as empresas, para nós mesmos fazermos essa intermediação, e nessa intermediação nós fomos mais cuidadosos. Não deixamos o trabalhador ir para qualquer empresa, tentamos encaixar o perfil do trabalhador com o da empresa, etc. Até para fazermos um acompanhamento da vida do trabalhador. Por que não conseguiu a vaga? Por que não entrou naquela empresa? Esse acompanhamento nos dá subsídios para fazer novos projetos.
Além disso vocês têm um veículo que leva o trabalho da Secretaria até as pessoas, é isso?
Nosso orçamento é muito baixo, mas nossa equipe faz milagre com o que tem. Nós fizemos um convênio com o Ministério do Trabalho para fazer o Sine Movel, que é uma van totalmente equipada, com duas pessoas que giram a cidade prestando o mesmo trabalho que a gente presta ali no Sine-CRT. Levamos ela para escolas com turno noturno, nos finais de semana, nas feiras, associações de moradores, etc. Isso, além de descentralizar e tornar acessível o atendimento, desafoga os postos fixos. Além de fazer a carteira de trabalho, o Sine também faz a captação de vagas. As pessoas podem ir em qualquer Sine, ou na va,n e buscar uma intermediação. Dizer “olha, eu sou pedreiro, tem alguma vaga aí?”. Através do sistema a gente consegue ver e fazer o encaminhamento, como se fosse uma agência de emprego mesmo. E o empregador também pode chegar e dizer “eu tenho uma vaga, você pode registrar no sistema?”, e tudo isso feito com pessoas treinadas para garantir o sigilo dos dados.
Como funciona a relação da Secretaria com a oferta de emprego para pessoas com deficiência em Curitiba?
A Secretaria da Pessoa com Deficiência é uma grande parceira da gente. Nós temos um trabalho conjunto para uma mão de obra bastante específica e a gente já foi algumas vezes fazer a carteira de trabalho em escolas especiais. Eles vão primeiro, fazem as palestras, orientam, e depois a gente vai, faz a carteira de trabalho e promove um evento para entregar. Em seguida, tentamos também fazer a colocação destas pessoas nas vagas. As duas secretaria realizam em conjunto, desde 2013, a Semana da Empregabilidade da Pessoa com Deficiência. Em 2014, a Semana atendeu 223 trabalhadores com deficiência. 120 deles foram encaminhados para uma vaga de emprego e 26 contratados, o que representa uma taxa de 22%, superior à média da colocação pública.
Como você avalia o trabalho feito até aqui?
A Secretaria do Trabalho está sendo chamada para diversos conselhos e sendo muito elogiada. Temos cartilhas sendo feitas contra o trabalho infantil, sobre a saúde do trabalhador, equidade de gênero e raça, trabalho decente, pessoas com deficiência. Fazemos o atendimento a pessoas refugiadas, com intérpretes de libras, criole e francês para atender especificamente os haitianos. A gente está se esforçando muito e eu acho que estamos fazendo um trabalho diferenciado.