O Centro de Atenção Psicossocial – Infantil Centro Vida (CAPS Centro Vida), unidade de excelência no atendimento de crianças e adolescentes com transtornos mentais e usuários de substâncias psicoativas, é mais um equipamento público que será alvo do processo de desmonte da saúde pública promovido pelo prefeito Rafael Greca (DEM).
A partir de segunda-feira, 1º de junho, ele deixará de ser administrado pela Prefeitura de Curitiba e passará a ser de responsabilidade da Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde (FEAES), somando-se a outros doze CAPS já foram terceirizados pela administração.
Familiares de pacientes atendidos procuraram o mandato da vereadora Professora Josete (PT) e demonstraram preocupação com a mudança. O local conta com um atendimento especializado onde o vínculo entre servidores e pacientes é fundamental. O CAPS Centro Vida atende 400 pacientes, sendo 50 destes com síndrome de autismo. “Algumas mães estão preocupadas, pois foram pegas de surpresa com essa mudança. É preocupante que todo um corpo técnico seja alterado, pois os pacientes têm um vínculo com a atual equipe que será substituída”, aponta Josete.
Segundo os servidores da saúde, em média são seis meses de contato para uma criança com autismo criar um vínculo e iniciar o tratamento. A preocupação dos familiares é que a mudança possa regredir o status dos tratamentos. “Sou contrária a essa substituição, mas se ela realmente é necessária, a gestão deveria se preocupar em fazer uma mudança que fosse gradual, respeitando um processo de transição”, alerta a vereadora.
Josete também aponta falta de informações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Desde que tomou conhecimento da mudança, a vereadora tem buscado maiores detalhes para serem apresentados aos familiares que buscaram o mandato. Foi tentada uma reunião com a coordenadora de Saúde Mental do município, Flavia Adashi, porém não houve disponibilidade de agenda.
Por meio de um e-mail endereçado à secretária Marcia Huçulak, a vereadora recebeu um documento, sem assinatura de um responsável, onde é informado que a FEAES já gerencia outros 12 CAPS e que o objetivo é que o Centro Vida entre na padronização. Segundo a resposta, a atual equipe foi informada da mudança. Sobre o processo de transição, a SMS alega que não haverá interrupção das atividades atuais.
Nesta sexta-feira (28), a dois dias da mudança no CAPS, a coordenadora de Saúde Mental atendeu um telefonema da vereadora, onde reiterou as respostas vagas do documento. A vereadora lamenta a dificuldade que a oposição encontra ao buscar mais informações.
“O que sabemos é que não houve uma comunicação prévia aos servidores atuais e nem aos pais. Queríamos uma audiência com a coordenadora de Saúde Mental, mas não foi possível. Quando o pedido vem da oposição sempre é mais difícil ter agenda, porém neste caso não se trata de situação ou oposição, mas sim do interesse público e de dar uma resposta a esses pais e mães que estão preocupados com essa mudança. Temos os requerimentos de pedido de informação como instrumentos regimentais, mas neste caso, devido ao recesso parlamentar, não teríamos tempo hábil para obter as respostas que precisamos”, lamenta Josete.
Foto: Brunno Covello/SMCS