A vereadora Professora Josete (PT) criticou a série de perseguições do prefeito Rafael Greca (PMN) impostas à militantes que exercem o livre direito à manifestação de apoio a Lula nas imediações da Polícia Federal, em Curitiba. Ela questiona o fato de o prefeito estar gastando um tempo precioso de seu tempo na tentativa de “desestabilizar atos de apoio ao ex-presidente ao invés de se preocupar com os problemas reais do município, cada vez mais carente de políticas públicas”.
Nesta quarta-feira (9), Greca anunciou que cobrou a transferência de Lula para um presídio ao presidente do TRF-4, desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz. “O prefeito demonstrou mais uma vez a postura que vem sendo marca de sua gestão: uma postura autoritária e antidemocrática. Ele [Greca] tem se colocado como o “dono” da cidade desde que pediu aquele interdito proibitório, porém a cidade é dos cidadãos e cidadãs e daqueles que fazem uso destes espaços”, diz Josete.
A vereadora lembra que os manifestantes estão exercendo um direito previsto em qualquer democracia, o da livre manifestação, por entenderem que o ex-presidente está sofrendo uma perseguição política. “Em nosso entendimento Lula é um preso político, ele não deveria nem estar na Polícia Federal, muito menos num presídio”, aponta a parlamentar.
Na opinião de Josete, é inconcebível que o prefeito de uma cidade como Curitiba se porte desta maneira diante de uma manifestação pacífica de um determinado setor da sociedade. Ela questiona o porquê o prefeito não se manifestou incisivamente quando o acampamento Marisa Letícia foi atacado sorrateiramente pela madrugada, quando duas pessoas foram feridas a tiros.
Acordo – Em sua última manifestação, Greca e a procuradora-geral do município Vanessa Volpi alegam que os organizadores da vigília teriam descumprido acordo estabelecido em 16 de abril com a Secretaria do Estado da Segurança Pública e a prefeitura de Curitiba. Porém, por meio de nota, a coordenação da vigília Lula Livre contesta as alegações, uma vez que na última negociação – sob mediação do Ministério Público – foram retirados os equipamentos de som da vigília e mantido o limite das quatro tendas, conforme o acordo.
Os manifestantes denunciam que a Prefeitura de Curitiba desmarcou em cima da hora reunião agendada para esta quarta (9), cuja pauta seria sobre a estrutura da vigília. Além disso, o Governo do Estado retirou parte da proteção policial do local. “Quem está descumprindo acordos é a prefeitura e o governo do estado. O acampamento já está a um quilômetro e meio da da Polícia Federal, tem só as quatro tendas e o som sequer está mais na vigília”, reforça Josete.
Prioridades – Para vereadora, ao gastar de seu tempo tentando intervir em uma livre manifestação, o prefeito Rafael Greca deixa de se preocupar com os problemas reais da cidade, cada vez mais carente de políticas públicas. Ela cita o fechamento da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade Industrial de Curitiba (CIC); falta de pediatras em postos de saúde, redução de professores em escolas e Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs); redução do programa Estratégia Saúde da Família (ESF); recursos públicos sendo novamente drenados à URBS; estagiários desempenhando funções de profissionais no atendimento de crianças em inclusão; entre outros problemas.
Para Rafael Greca, ao permitir a livre manifestação de apoiadores de Lula, a Justiça estaria promovendo uma “desarmonia”. Ele até se valeu do episódio do prédio incendiado recentemente em São Paulo ao afirmar que “o município merece respeito da Justiça Federal, mas a Justiça tem seu tempo e talvez por isso os prédios caiam em São Paulo por abandono”. Classificando a frase como “infeliz”, Professora Josete contrapôs: “Em Curitiba temos milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade nas ruas e o que o prefeito faz: reduz políticas públicas para a população de rua”, aponta.