Mais uma greve do transporte público de Curitiba está sendo anunciada. Trabalhadores e trabalhadoras se reuniram ontem (21) em assembleia e aprovaram um indicativo de greve para o próximo final de semana, em função do atraso no pagamento do vale salarial, que deveria ter sido pago no dia 20. O Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) afirma que a maioria das empresas fez o pagamento, mas quatro delas não pagaram ou fizeram um repasse parcial: Sorriso, Redentor, Araucária e Auto Viação Tamandaré.

Em nota, o sindicato patronal, o Setransp, admitiu que as quatro empresas realmente não realizaram o repasse devidamente e afirmou que “esforços serão feitos” para que isso aconteça. Também em nota, a URBS afirmou que os repasses que ela deve às empresas estão todos em dia, inclusive para as empresas que não fizeram o pagamento de forma correta aos trabalhadores, e que “já estuda medidas administrativas e judiciais cabíveis” para impedir a paralisação.

Enquanto o sindicato patronal e a URBS ficam neste “toma lá, da cá”, quem sofre são os trabalhadores e trabalhadoras, tanto aqueles que trabalham no transporte público e não recebem o que é seu por direito, quanto aqueles que precisam do transporte coletivo para se locomover. No caso deste fim de semana, há ainda mais um agravante: milhares de estudantes farão, no sábado e no domingo, as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), porta de entrada para diversas universidades do país e uma das políticas públicas mais importantes do Brasil na área da educação. Causa estranheza que o repasse tenha sido pago de forma indevida justamente na semana de realização da prova. URBS, Prefeitura e empresas precisam resolver o quanto antes a situação para não prejudicar os estudantes de Curitiba. O repasse deve ser feito urgentemente.

Para além deste episódio, a situação do transporte público de Curitiba como um todo precisa ser repensada, e não é de hoje. A população está perdida no meio de repasses não feitos, aumentos da tarifa e greves muitas vezes influenciadas pelos patrões. A CPI do Transporte feita na Câmara Municipal, o Tribunal de Contas do Estado e a OAB, entre outros órgãos, apontaram diversas irregularidades na licitação que deu a essas empresas o gerenciamento do sistema. Mesmo assim, até agora pouco foi feito na prática para resolver a questão e os problemas seguem se repetindo. O poder público e a sociedade como um todo precisam encarar o problema de frente para buscar uma solução. O lucro das empresas não pode ficar acima dos interesses da população.

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