Foto: Elaine Campos
Foto: Elaine Campos

Nos dias 10 e 11 de julho, cerca de 400 mulheres de São Paulo e do Paraná participaram da 4ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM). O encontro, que aconteceu no Vale do Ribeira, em Registro (SP), teve o objetivo de viabilizar e fortalecer a luta das mulheres a partir de seus territórios, sendo a terceira ação do movimento no país em 2015.

O local do encontro teve um significado especial para a ação. Segundo a MMM, o Vale do Ribeira foi escolhido por ser uma região bastante tradicional e de resistência, onde vivem mulheres atingidas por barragens, quilombolas, indígenas, camponesas, ribeirinhas, e onde há o enfretamento ao agronegócio.

Esse cenário regional proporcionou um diálogo com os temas centrais de debate e reflexão, entre eles o da necessidade de resistência ao sistema capitalista, racista e patriarcal, que afeta cotidianamente diversos âmbitos da vida das mulheres. Foi marcante o avanço da luta das mulheres negras e também da luta para além da cidade, das mulheres ligadas à terra.

No final do primeiro dia foram apresentadas a Marcha das Margaridas, símbolo da organização das mulheres rurais, e a Marcha das Mulheres Negras. A primeira realizará sua quinta edição nos dias 11 e 12 de agosto, e a segunda no dia 18 de novembro, com o tema “contra o racismo e a violência e pelo bem viver”. Ambas acontecerão em Brasília.

Construção feminista

O encontro foi um espaço não apenas de debate, mas também de vivência e construção. Durante o segundo dia, foram realizadas diversas oficinas temáticas relacionadas às lutas das mulheres em seus territórios e ao enfretamento do modelo capitalista e patriarcal. Algumas delas foram: em defesa de nossos territórios: a resistência ao agronegócio e às grandes obras; enfrentamento à violência contra as mulheres: estratégias feministas; feminismo e agroecologia: a experiência das mulheres na construção de práticas agroecológicas; desmilitarização; somos mulheres e não mercadorias e saúde das mulheres: resistência às intervenções da indústria farmacêutica nos nossos corpos.

Foto: Elaine Campos
Foto: Elaine Campos

No sábado (11) pela tarde as mulheres realizaram uma marcha pela parte histórica de Registro, seguindo até a BR 116 (Régis Bittencourt), levando suas diversas bandeira de luta: contra o machismo e a violência contra mulher; pelo fim da homofobia, transfobia e lesbofobia; por qualidade na educação; por creches; por segurança alimentar; pelo direito ao corpo e por saúde para mulheres.

Manifesto

A ação resultou em um manifesto, em que as mulheres expressam o eixo central de sua luta: o território, em seus múltiplos sentidos. “Nossos corpos são o primeiro território a ser defendido frente às intervenções do capital, ao controle e as imposições sobre nossa sexualidade, modos de vida e comportamento. A naturalização da heterossexualidade, da maternidade como destino de todas as mulheres e da sexualidade feminina a serviço do prazer dos homens são estratégias de controle”, diz o texto.

A questão da ofensiva conservadora sentida dentro do âmbito legislativo também teve destaque, com referência à retirada da perspectiva da igualdade de gênero e étnico-racial dos Planos Municipais e Estaduais de Educação.

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