A Câmara de Vereadores de Curitiba realizou na noite de terça-feira (12) uma Sessão Solene para celebrar o Dia Internacional das Mulheres. Quebrando o rito de formalidade comum das solenidades, a Professora Josete (PT), suas homenageadas e convidadas de seu mandato prestaram uma homenagem à ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco. Ao puxar o grito de Marielle Presente! no plenário, a vereadora recordou que nesta quinta-feira (14) completará um ano do crime.

Em seu discurso Professora Josete lembrou que dois suspeitos de terem matado Marielle e seu motorista Anderson Gomes foram presos (um ex-PM e um policial da reserva), porém permanece sem resposta quem foram os mandantes do crime e sua motivação. “Precisamos exigir que as investigações continuem, pois esse crime teve mandantes que continuam agindo nas periferias no massacre da população negra”, apontou a vereadora.

Josete destacou o histórico e a ousadia da ex-vereadora carioca. “Marielle era uma mulher negra, lésbica, da periferia. Uma mulher que foi brutalmente assassinada porque ousou lutar pela igualdade, liberdade, ousou defender os jovens negros da periferia que são executados todos os dias em todos os cantos deste país. Morreu lutando por uma sociedade livre e justa”.

Outro destaque feito pela vereadora é a série de atos que acontecerão nesta quinta-feira (14) em diversos estados que cobrarão justiça no caso de Marielle e Anderson. Em Curitiba está agendada uma vigília na escadaria do prédio histórico da UFPR, na Praça Santos Andrade. A mobilização, que iniciará às 18h30, está sendo organizada por diversos coletivos e movimentos.

Diversidade e representatividade

Outro ponto marcante da solenidade na Câmara de Curitiba foi a representatividade e a diversidade presentes nas homenageadas do mandato da Professora Josete. Como tradição a sessão solene homenageou 32 mulheres de diversos segmentos da sociedade escolhidas pelas oito vereadoras que compõe a bancada feminina no legislativo. Cada parlamentar indicou quatro mulheres.

Nas escolhas da vereadora petista estiveram representadas as negras da periferia pela defensora popular Andreia de Lima, as mulheres trans pela advogada Gisele Alessandra Schmidt e a travesti Megg Rayara e as mulheres indígenas pela pedagoga Anauê Japiim (Michelli Santos da Silva).

Josete ressalta que suas escolhas foram por mulheres que literalmente “representam”. “A diversidade é necessária e a representatividade importa. Por isso escolhemos essas quatro mulheres lutadoras, que entendem que o 8 de março para além das comemorações é uma data de reflexão e luta. Essa foi a data mais importante escolhida pelos movimentos das mulheres para denunciar e reivindicar as mudanças que tanto queremos”, aponta.

Em seu pronunciamento, a vereadora ainda tratou de dois temas que afetam diretamente a vida das mulheres: os altos índices de violência contra a mulher e a reforma da Previdência do governo Jair Bolsonaro. “As marchas e caminhadas do 8 de março deste ano tiveram como tema central a reforma da Previdência, uma proposta que estamos tratando como uma contrarreforma pois vai no sentido de precarização e perda de direitos. Uma contrarreforma em que as mulheres serão as mais afetadas”, critica.

Confira abaixo os currículos das homenageadas pelo mandato da Professora Josete.

Andreia de Lima | Defensora pública popular, presidenta da Usina de Ideias, liderança comunitária do Parolin, onde mora há 37 anos e milita pelas causas sociais há mais de duas décadas.

Gisele Alessandra Schmidt e Silva | Primeira transexual a fazer uma defesa na tribuna do STF, é advogada criminalista atuante em Direitos Humanos, integrante do Comitê LGBT da Secretaria de Estado da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos do Paraná, conselheira suplente no Conselho Estadual de Direitos da Mulher do Paraná e integrante da Comissão da Diversidade Sexual e Gênero da OAB/PR.

Michelli Santos da Silva | Indígena da etnia Munduruku da Amazônia, é pedagoga da Secretaria Estadual de Educação do Paraná, pós-graduada em Educação Especial e Inclusiva e licenciada em Geografia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Integra o conselho de mulheres indígenas na saúde pública do Município de Curitiba e a Associação de Entidades de Mulheres do Paraná (ASSEMPA) e das Associação das mulheres Indígenas Xetás (AMIX).


Megg Rayara Gomes de Oliveira
| Travesti preta, graduada em licenciatura em Desenho e Especialista em História da Arte pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná, especialista em História e Cultura Africana e Afro-Brasileira pela Universidade Tuiuti do Paraná; mestra e Doutora em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

Fotos: Assessoria CMC

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