A vereadora Professora Josete (PT) pronunciou-se nesta terça-feira (4), na Câmara de Curitiba, sobre a escolha do colombiano naturalizado Ricardo Vélez Rodríguez como futuro ministro da Educação. Professor emérito da elite do Exército, Rodríguez foi indicado por Olavo de Carvalho, filósofo ultraconservador sem qualquer referencial na área da educação e que é uma espécie de guru da família Bolsonaro.

A indicação de Rodríguez ocorreu em 7 de novembro, mesmo dia em que ele publicou no seu blog pessoal um texto intitulado “Um roteiro para o MEC”, no qual diz que a proliferação de leis e regulamentos tornou brasileiros “reféns de um sistema de ensino alheio às suas vidas e afinado com a tentativa de impor, à sociedade, uma doutrinação de índole cientificista e enquistada na ideologia marxista”.

A fala de Rodríguez é afinada com a do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e de setores que defendem o projeto “Escola Sem Partido”. Na opinião de Josete, o futuro ministro apresenta unicamente o discurso fundamentalista e não tem o perfil técnico e experiência necessária para assumir o MEC. “Vejo com preocupação essa indicação de militares para vários ministérios. Não estamos falando do Ministério da Defesa, de Segurança Pública, estamos falando de educação”, comentou.

A vereadora lembrou que o MEC é um dos maiores ministérios do governo federal, com um grande orçamento, e que exige competência comprovado na área de gestão pública da educação. “Essa não foi uma indicação técnica, mas sim uma indicação de uma pessoa como Olavo de Carvalho, um filósofo de perfil ultraconservador, que tem no seu histórico uma série de textos e frases machistas, racistas, homofóbicas e que não tem qualquer referencial ou acúmulo na discussão sobre a gestão pública da educação”, comentou.

Professora Josete destacou que a escola é o espaço de debate sobre o conhecimento científico e que, na contramão disso, o presidente eleito indica para o MEC alguém que é contrário ao cientificismo. “A fala dele [Rodríguez] é de uma ignorância sem precedentes. Se não é a escola o local para o debate sobre o conhecimento científico, onde é?” questionou.

Apoio ao Golpe

A parlamentar concluiu seu pronunciamento citando outras frases ou escritos do futuro ministro, entre eles um trecho de um artigo ao qual Rodríguez defende que o golpe militar de 1964 foi uma “revolução institucional a ser comemorada”. “Amigos, esta é uma data para lembrar e comemorar. A esquerda pretende negá-la. Mas não pode. Porque ela foi incorporada à nossa memória como Nação”. A frase é retirada do artigo intitulado “31 de março de 1964: É patriótico e necessário recordar essa data”.

Foto: Rodrigo Fonseca/CMC

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