O mandato da vereadora Professora Josete promoveu, na última sexta-feira (22), um momento de reflexão sobre os direitos e as lutas do movimento negro. A audiência pública “Construção da igualdade racial na Perspectiva de gênero, saúde, educação, trabalho e cultura”, realizada no plenário da Câmara, reuniu lideranças e militantes do movimento em Curitiba, além de representantes da Prefeitura e do Ministério Público.

Ainda recente na memória de todos os presentes, o cancelamento do feriado do dia 20 de novembro foi lembrado durante o debate. “O objetivo do feriado era fazer essa reflexão, para enfrentar esta mentalidade de ‘capital européia’ que Curitiba ainda tem. Além disso, trazer um avanço nas perspectivas culturais e sociais da cidade”, defendeu Josete. Indo além da discussão sobre a data, a audiência promovida pela vereadora colocou na mesa a necessidade de políticas públicas voltadas para a população negra.

Almira Maria Maciel, coordenadora de formação do Movimento Negro Unificado, apresentou dados sobre a discrepância racial que existe no mercado de trabalho. Segundo ela, a taxa de mulheres negras desempregadas no Brasil é de 8,4%, enquanto homens brancos são 3,9% e mulheres brancas, 6%. 3,9% dos homens negros são desempregados. Em relação aos salários, também há uma grande diferença em relação à raça e à cor. Homens brancos recebem, em média, R$1817, enquanto homens negros têm um salário médio de R$972 – mulheres brancas recebem em média R$1271. Mulheres negras, R$702.

Militantes acompanharam a audiência e contribuíram com o debate. Foto: Andressa Katriny.
Militantes acompanharam a audiência e contribuíram com o debate. Foto: Andressa Katriny.

Na perspectiva da educação, o professor Luiz Carlos Paixão da Rocha, diretor da APP-Sindicato e membro do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFPR, apresentou argumentos a favor de mudanças nas grades de ensino nas escolas. “A escola hoje é um espaço que reproduz o racismo. Os livros foram feitos com esta mentalidade. Os negros escravizados são apresentados simplesmente como escravos, sem uma cultura, sem uma história anterior a isso”, criticou.

O pensamento foi compartilhado por Almira Maciel. “Nós não somos descendentes de escravos. Somos descendentes de pessoas escravizadas em um processo de guerra e dominação. Isso faz muita diferença”, esclareceu.

Representando o prefeito Gustavo Fruet, o assessor André Luiz Nunes da Silva defendeu “legislações severas” que defendam os direitos dos negros. O incentivo à cultura através de espaços que façam o resgate da história e políticas de igualdade voltadas para a saúde também foram abordados.

Além dos membros da mesa e dos vereadores Paulo Salamuni e Serginho do Posto, a audiência teve a presença de representantes da Fundação Cultural de Curitiba, Fundação de Assistência Social (FAS), Comitê Pró-Igualdade de Gênero e Raça da Prefeitura, Secretaria Municipal do Trabalho, Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT-PR), Movimento Nacional da População de Rua, Marcha Mundial das Mulheres, Centro de Apoio e Proteção dos Direitos Humanos.

O deputado federal Doutor Rosinha e a primeira ouvidora negra da Defensoria Pública do Paraná, Maria de Lourdes “Santa” de Souza, também estiveram presentes.

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