Foto: Leandro Taques

Começou nesta quarta-feira (6) a 17ª Jornada de Agroecologia, um dos maiores eventos dedicados à agroecologia no Brasil. Pela primeira vez o evento que tem caráter itinerante acontecerá em Curitiba. Nos quatro dias de programação estão palestras, seminários, oficinas, feira da reforma agrária e atos políticos.

Um dos destaques do primeiro dia foi a abertura do Túnel do Tempo, uma marca registrada das edições da Jornada de Agroecologia. Montado como uma espécie de museu, o túnel é sempre uma das atrações mais procuradas pelos participantes. Com uma metodologia pedagógica, ele é desenvolvido para trabalhar temas e contextos históricos com estudantes de diversos níveis de ensino.

Na edição deste ano, o Túnel do Tempo foi montado no pátio da Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e foi construído por coletivos de educadores e educandos de 12 escolas de áreas da reforma agrária, além de professores, pesquisadores e acadêmicos de universidades públicas com envolvimento com a educação do campo.

Batizado de ‘Agricultura, luta e resistência’, o espaço conta com oito ambientes diferentes subdivididos em 15 temas. Neles estão simbolizados períodos históricos da agricultura, desde sua origem até os momentos atuais. “O Túnel aborda desde a origem da agricultura, passando por diferentes períodos históricos, tentando traduzir como os povos do campo foram resistindo ao projeto hegemônico e ao capitalismo nos diferentes períodos históricos”, explica Walter Leite, do Setor de Educação do MST.

Para o pedagogo, o grande diferencial desta edição do túnel é o número de sujeitos envolvidos. Ao todo foram 15 coletivos participantes do processo de construção, com representações de praticamente todas as regiões do Paraná. “O mais importante é o processo pedagógico envolvido. Isso é o mais belo, a participação destes estudantes nos processos de pesquisa. Isso os tornou seres humanos diferentes”, comenta o professor.

A abertura do Túnel do Tempo, na tarde desta quarta-feira (6), recebeu estudantes do ensino fundamental e médio de Curitiba. Foi uma oportunidade para os alunos das áreas urbanas conhecerem a realidade do campo. Já para os educandos das áreas da reforma agrária foi uma maneira de colocar em prática temas abordados pelos grupos de agroecologia nas escolas.

“Foi uma experiência ótima trabalhar o tema da agroecologia e fazer a apresentação aos estudantes da cidade. Fazer a decoração, foi tudo muito enriquecedor”, comentam as adolescentes Geniani Lara e Vitória Kurek, alunas da Escola Itinerante Wagner Lopes, do acampamento Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu. Elas fizeram uma apresentação sobre o período conhecido como ‘revolução verde’ e sobre os maléficos do uso dos agrotóxicos.

A pedagoga Sara Camargo Barreto, do Colégio Estadual do Campo Iraci Strozak, em Rio Bonito do Iguaçu, destaca o processo de construção coletiva e o aprendizado aos educandos. “É um rico processo de construção coletiva. Só o fato deles [educandos] saírem de seus espaços, estarem fazendo essas apresentações, fazendo exposições orais com um público da cidade durante esses quatro dias já é um ganho enorme”, comenta a professora.

“É uma experiência para além da vida acadêmica que levaremos para vida toda”, completa João Vitor de Campos, de 13 anos, educando da Escola Itinerante Valmir Mota de Oliveira, em Jacarezinho, no norte do Paraná.

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