Em greve desde 30 de setembro, agentes de combate às endemias da Prefeitura de Curitiba protestaram nesta terça-feira (8) na Câmara de Vereadores. A categoria reivindica melhores salários e condições de trabalho, além da abertura de uma negociação efetiva com a gestão do prefeito Rafael Greca (DEM). Desde o início da paralisação, os trabalhadores foram recebidos uma única vez pela administração e receberam uma negativa de suas reivindicações.

Com papel de controle de doenças como dengue, chagas, chicungunya, leishmaniose e malária, os profissionais recebem o salário de R$ 1.346,00 para uma jornada de 40 horas semanais, o que equivale a R$ 7,48 por hora. Embora concursados, os agentes são contratados pela Consolidação das leis de Trabalho (CLT) e não contam com direitos que os demais servidores dispõem. Além dos baixos salários, a categoria convive com ambientes insalubres. Além do risco de contaminação, sofrem ataques de animais domésticos nas ruas e residências e com recusa da população que não tem consciência do trabalho.

Cinco itens compõem a pauta de reivindicações da categoria: aumento de salário, passando dos atuais R$ 1.346,00 para R$ 2.018,69; pagamento de gratificação por risco à saúde; criação e implementação de plano de carreira; mudança na exigência de escolaridade para nível médio com salário compatível com a escolaridade (atualmente a exigência é de nível fundamental); e implementação do quinquênio no valor de 5% no salário-base (direito já garantido as demais categorias do funcionalismo).

O protesto desta terça-feira, segundo os trabalhadores, teve o objetivo de chamar atenção da população sobre a importância do trabalho de endemias e buscar apoio da Câmara Municipal. “Trabalhamos em locais locais com risco de contaminação. Fazemos visitas quinzenais em ferro velho, depósito de reciclagem, entramos em contato com seringas, agulhas, com insetos, com ratos. Temos medo de frequentar esses lugares sem o equipamento adequado, pois falta parte do equipamento de proteção individual”, afirma Genilton Luiz Mendes, agente de endemias desde 2016.

Apesar do alto volume de trabalho, a categoria conta com um efetivo reduzido. São cerca de 60 profissionais para um município com 432km² de extensão. Na lei municipal que criou o cargo de agente de endemias, aprovada em 2015, estavam previstas 200 vagas para a função. “Esse número não é o suficiente para atender o município da maneira que seria a correta. Estamos aqui para acompanhar o ato destes trabalhadores e exigir uma negociação efetiva com a prefeitura. Até agora só houve uma negociação sem negociar, somente para dizer não para tudo”, disse Cristiane Schunig, coordenadora geral do Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc).

Dois trabalhadores que participaram do ato puderam falar por alguns minutos durante a sessão da Câmara. “Enfrentamos zonas de risco, locais que são comandados pelo tráfico, passamos por uma série de situações e não somos valorizados. O que queremos é valorização para continuar atendendo a população de Curitiba com dignidade. Nós conscientizamos a população, salvaguardamos os curitibanos, mas o prefeito tem nos tratado como lixo”, disse a agente Tatiana, na tribuna do legislativo local.

Foto: Júlio Carignano

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