Nesta manhã (10), recebemos representantes de cinco sindicatos – SISMUC, SISMMAC, SIGMUC, SINFISCO E SINDICÂMARA – para debater o pacote de ajuste fiscal do Executivo, nominado “Plano de Recuperação”. A reunião aconteceu no Anexo II da Câmara Municipal e, infelizmente, devido à falta de espaço, não pode acolher a todos e todas que vieram participar. Os representantes foram unânimes nas críticas ao pacote enviado por Greca ao Legislativo, pedindo diálogo e a retirada dos 12 projetos de lei. Solicitei uma audiência pública para debater os projetos e, mais uma vez, abertura de diálogo com o Executivo.

Wagner Argenton, do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (SISMMAC), fez uma apresentação contendo vários pontos que suscitam dúvida e contrariedade, como o vídeo de campanha do atual Prefeito, em que exalta a importância de zelar pelo IPMC (Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Curitiba) e pelos servidores públicos – ao passo que hoje o cenário é totalmente outro, como se vê nas medidas para com os servidores, os primeiros a sofrerem com os ajustes –, e também a ambígua relação do Executivo com o Tribunal de Contas – visto que, no episódio do aumento da tarifa do transporte público, a Gestão não acatou a decisão do TC, mas, quando de “dívidas herdadas da gestão anterior”, recorrem ao Tribunal, para produzir denúncia.

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Argenton falou das contrariedades e ambiguidades apresentadas pela atual gestão

Outra questão importante, apontada pelo representante do funcionalismo do magistério: “Não sei se vocês sabem, mas a antiga diretoria do IPMC era composta por servidores de carreira. Hoje, a realidade é outra. A atual diretoria é ligada, inclusive, a fundos privados”, fala Wagner, ao afirmar que Greca quer privatizar a previdência. E adiciona que o Presidente do IPMC, José Luiz Costa Taborda Rauen, sempre fala que o Instituto “está na UTI e com hemorragia”. Segundo os cálculos feitos por eles, com dívidas, o IPMC teve superávit. Sendo assim, estes números que o Presidente menciona teriam alguma chance de estarem corretos?” Mais uma dúvida posta na mesa.

Já Alisson Matos, diretor do Sindicato dos Auditores Fiscais de Tributos Municipais de Curitiba (SINFISCO), mencionou a fiscalização, a contenção de despesas, sugerindo um possível e futuro debate sobre o assunto. Quando detentor da palavra, Luiz Vecchi, que representou o Sindicato dos Guardas Municipais de Curitiba (SIGMUC), falou sobre o impacto que o ajuste trará para o plano de carreira: “as obras que já estão sendo anunciadas pela Prefeitura abafam a maldade que está feita com os servidores. Sei que é importante para a base dos senhores consertar buracos, melhorar a iluminação, mas os servidores não podem pagar essa conta”. Por várias vezes repetiu: “ajuste sim, maldade não”, assegurando que o que será votado hoje não é algo paliativo, mas o que permanecerá por toda a vida funcional dos servidores públicos.

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Luiz Vecchi: “Ajuste sim, maldade não”

Nesta mesma toada, Luiz Andrade, Presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo de Curitiba (SINDICÂMARA), falou sobre o medo do novo órgão de previdência se transformar em um ICI (Instituto das Cidades Inteligentes), visto que a Prefeitura Municipal parece não exercer controle sobre o último: “A impressão é que terá uma grande autonomia. Não há garantia de que terá uma gestão eficiente, que não vai virar um cabide de empregos de altíssimos salários”.

Por fim, Irene Rodrigues, do Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba (SISMUC), falou sobre o pagamento da dívida municipal por aqueles que menos deveriam ser atingidos, como servidores e população carente, além da perda de direitos conquistados a duras penas. Afirma que é necessário fazer justiça social – quem tem mais dinheiro deve contribuir mais – e que todo o sindicato luta por políticas públicas de qualidade para todos e todas.

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Representante do SISMUC comenta sobre quem pagará a conta do ajuste

Os vereadores puderam fazer seus apontamentos e perguntas. Eu reforcei, mais uma vez, a ausência de diálogo do Executivo antes do envio dos projetos, mas ainda acho que é tempo do Prefeito receber os sindicatos e os ouvir. Não podemos admitir, por exemplo, o congelamento de todos os planos de carreira da licença-prêmio, as alterações no 13º salário, vale-refeição e vale-transporte. É um grau de perversidade muito grande! A que vai se reduzir os direitos do servidor e da servidora? Fiz um apelo ao líder do Prefeito e ao Presidente da Casa, Serginho do Posto, para que se leve a ideia ao Executivo de aprofundar o diálogo, de exigi-lo – uma audiência pública para que todos e todas possam debater os projetos.

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Dou destaque aqui à resposta de Wagner ao Vereador Tico Kuzma, quando da pergunta sobre o que os sindicatos queriam: propostas para o ajuste fiscal ou apenas a rejeição destes pelos vereadores. Ele pede: “são 12 armas apontadas para as nossas cabeças” Abaixem essas armas, retirem esses projetos!”. Reforça que o ICI não deveria ser pago pela Prefeitura, visto que já foi investigado por denúncias de corrupção. Também lembra que não há transparência referente aos cargos comissionados do Executivo e pede medidas para tal.

Fotos: Chico Camargo / CMC

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