estadiosO projeto que visava a liberação da venda de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol de Curitiba foi rejeitado no segundo turno de votação na Câmara Municipal. Diversos vereadores que haviam votado pela aprovação no primeiro turno, por 19 votos a 11, mudaram de ideia e dessa vez rejeitaram a matéria – dessa vez foram apenas quatro votos favoráveis. A vereadora Professora Josete manteve o voto contrário que havia dado em primeiro turno. “Eu não voto de forma contrária ao projeto por algum motivo moralista. Eu quero pautar este debate com dados, pensando na saúde pública. No início das discussões eu tinha minhas dúvidas em relação ao tema, por isso procurei me informar”, justificou.

Josete citou números que apontam a relação entre o álcool e a violência tanto no trânsito como nos domicílios e na sociedade como um todo. Por exemplo, um estudo feito em 2009 pelo psicólogo Arilton Martins Fonseca, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), aponta que em metade dos casos de violência doméstica, os agressores estão alcoolizados. “Nós sabemos que não é apenas a cerveja vendida dentro dos estádios que vai causar problemas, uma vez que as pessoas que estiverem com a intenção de se embriagar podem beber nos arredores. Mas se pudermos evitar mortes, como a Lei Seca no trânsito evitou 10% delas entre 2010 e 2013, por exemplo, é um avanço”, argumenta.

Sem limites para os mais ricos

Josete ainda criticou o caráter elitista do projeto. No artigo em que falava sobre a venda para os torcedores em geral, o texto afirmava que os bares e lanchonetes deveriam vender cervejas com o teor alcoólico de no máximo 14%. Já nas áreas vips e camarotes, não havia nenhum limite estabelecido. “Pessoas mais ricas correm o mesmo risco dos outros de ficarem bêbados e violentos”, apontou.

A vereadora parabenizou o autor da matéria, vereador Píer Petruzzielo, por manter a posição em defesa do projeto, ao contrário de colegas que o haviam assinado e hoje mudaram de ideia. Josete também parabenizou os vereadores pelo debate, o que chamou de “aula de cidadania”. “Espero que a imprensa repercuta que a Câmara teve um debate bastante positivo, com argumentos dos dois lados, e que trouxe a discussão dessa pauta para a cidade”, destacou.

Apesar da derrota, Petruzzielo também elogiou o debate, afirmando que ele trouxe para a Câmara a discussão sobre a intervenção do Estado na vida dos cidadãos.

Por fim, Josete sugeriu que a Câmara e o poder executivo pensem em políticas públicas para a prevenção contra o uso de drogas, sejam lícitas ou ilícitas. “A diminuição no uso do cigarro no Brasil aconteceu devido a uma política pública que proibiu as propagandas. É claro que esse tipo de medida deve ser tomado no âmbito federal, mas eu acredito que chegou a hora de termos estes debate em relação ao álcool também”, defendeu. Dados do Ministério da Saúde apontam que houve uma queda de 30,7% no total de fumantes no país nos últimos nove anos.

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