A vereadora Professora Josete (PT) cobrou nesta segunda-feira (10) a participação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na investigação das circunstâncias que ocorreu o incêndio criminoso que destruiu a Ocupação 29 de Março e deixou centenas de famílias desabrigadas na Vila Corbélia, Cidade Industrial de Curitiba (CIC). A tragédia ocorreu na noite de sexta-feira (7) no curso de uma operação da PM motivada pela morte do policial Erick Norio, ocorrida na madrugada do mesmo dia.

Em pronunciamento na Câmara Municipal, a parlamentar prestou solidariedade aos moradores da 29 de Março e demais ocupações da CIC. Durante o sábado (8), junto à sua assessoria, Josete passou o dia coletando depoimentos de pessoas que estão desabrigadas e das ocupações vizinhas. Relatos de abusos e excessos ocorridos em abordagens, de invasões de moradias sem ordem de um juiz, de pessoas que tiveram que sair às pressas de suas casas, de agressões, torturas e um assassinato. “Houve sim excesso. Houveram abusos. Casas foram arrombadas, móveis quebrados, pessoas apanharam, pessoas foram torturadas”, destacou.

Para Josete, a investigação deste caso deve ser prioridade do Gaeco, pois segundo aponta a comunidade o incêndio foi provocado por policiais em represália a morte de um colega de farda. “Estive lá [na CIC] no sábado, naquele cenário que parecia de guerra. Pessoas revirando escombros em meio às cinzas procurando o que restou. Relataram que, inclusive, os bombeiros foram impedidos de chegar ao local para apagar o fogo. Acho que a morte do policial deve ser sim investigada, e também as circunstâncias e quem provocou este incêndio, além da morte de pelo menos dois moradores. Os responsáveis devem serem punidos, quem matou o policial e aqueles que provocaram essa tragédia. As pessoas  inocentes não podem pagar”, disse.

A vereadora mostrou-se preocupada com as consequências de uma ação como ocorreu na CIC, que apontam para uma ação repressora de justiçamento. Situações que, segundo ela, não podem ser relativizadas ou se tornarem corriqueiras. “Não podemos deixar que isso se torne algo normal. Esse tipo de barbárie não pode ser corriqueira. Infelizmente vemos um cenário de pessoas públicas e seus seguidores que incentivam a barbárie”, comentou a parlamentar.

Moradia é direito humano

Ao lembrar que nesta segunda-feira, 10 de dezembro, é celebrado o Dia Internacional dos Direitos Humanos e a passagem dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos,  Josete destacou que as famílias das ocupações da CIC são pessoas que lutam por uma moradia digna. “A moradia é um direito humano. As pessoas que estão ali não estão porque querem. Estão porque precisam. Ou elas pagam aluguel ou elas comem”, destacou a vereadora.

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), movimentos sociais, ONGs e entidades ligados aos direitos humanos estão acompanhando a situação na Vila Corbélia. A Prefeitura de Curitiba estabeleceu um plano de contingência da Regional do CIC. Os trabalhos envolvem Defesa Civil, Centro de Referência da Assistência Social (Cras), Guarda Municipal, Fundação de Ação Social (FAS) e Secretaria de Saúde.

A Ocupação 29 de Março é uma das quatro ocupações da CIC. Ela está ao lado de outras duas ocupações, a Dona Cida e a Nova Primavera. Nelas vivem cerca de 1,5 mil famílias. Na praça da ocupação Dona Cida está funcionando como ponto de coleta de doações e distribuição de comida para as famílias desabrigadas. “O momento é cobrarmos a responsabilização dos culpados e prestar nossas solidariedade e ajudar na reconstrução da 29 de Março. Por isso é importante todos e todas se somarem nisso, ajudar no que for possível”, concluiu Josete, colocando seu mandato à disposição das famílias atingidas pelo incêndio criminoso.

Além da própria comunidades, outros locais estão servindo como pontos de doações. Confira abaixo:

* Escola Ensino Fundamental Doutor Hamilton Calderari Leal – R. Victor Grycajuk, 121 – São Miguel.

*Cras Moradias Corbélia – R. Profa. Cecília Iritani, 510 – Corbélia.

*Ong Anjos, em frente a praça Alto Bela Vista, R. Carlos Eduardo Martins Mercer, 31 – no Sabará.

*Igreja Sara Nossa Terra Barigui – Rua Ricardo Emílio Michel, 531, Cidade Industrial.

*Associação Moradias Sabará 1, Rua Ary Caramão Arruda, 151 – Cidade Industrial.

*Casarão da União Paranaense de Estudantes (UPE), Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1157 – São Francisco.

*Sara Nossa Terra, Avenida Presidente kennedy, 2134, Rebouças.

*Mandarino Advocacia, Av Marechal Floriano Peixoto 228 a/c cj 1503, Edifício Banrisul na esquina das Marechais – Centro.

Foto: Gibran Mendes

 

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