Da assessoria do mandato do Deputado Federal Dr. Rosinha (PT)

Mesmo diante do aumento das denúncias de racismo e abuso policial no Paraná em 2012, a PM não cumpre os acordos firmados com o movimento negro desde 2004, durante o I Seminário de Integração da Comunidade Negra com a Polícia Militar.

À época, foram definidas algumas ações para combater o racismo dentro da corporação, como a realização de eventos que discutissem o tema com os policiais e a inclusão, nos boletins de ocorrência, de um campo para anotar a cor da pele da vítima (o que daria maior visibilidade à violência sofrida pela população negra). Nenhuma das duas propostas, no entanto, foi efetivada.
 
Oito anos depois, a mais recente denúncia de violência e racismo por parte da PM paranaense aconteceu um dia depois do II Seminário de Integração da Comunidade Negra com a Polícia Militar, que na sexta-feira, 23, reuniu mais de 150 sargentos de todo o Estado. No sábado, 24, um grupo de 15 policiais é acusado de invadir uma casa no Bairro Alto sem mandado judicial, agredir os moradores (entre eles uma idosa e uma moça deficiente física) e ofender com injúrias racistas uma advogada negra que, ao ver a movimentação, tentou saber o que estava acontecendo. Parte da ação foi gravada em vídeo e está disponível no YouTube.
 
Para a militante do movimento negro e assessora do deputado Dr. Rosinha, Maria de Lourdes Santa de Souza, que coordenou a mesa de palestrantes do II Seminário, a corporação está descolada da realidade. “Até há um interesse em discutir, mas falta informação. Eles têm uma visão de que não existe racismo. Acham que tratam todo mundo igual. No entanto, a realidade tem demonstrado a necessidade de se debater essa questão.”
 
Só em novembro, vieram à tona cinco casos de excessos cometidos pela Polícia Militar do Paraná. Ao longo de 2012, houve ao menos outros dois, emblemáticos: a repressão, aparentemente sem justificativa, aos foliões do pré-carnaval do Largo da Ordem e a tortura do auxiliar de pedreiro Ismael Ferreira da Conceição, um jovem negro de 19 anos, no bairro Uberaba. Ambos os casos aconteceram em Curitiba.
 
Depois disso, em setembro, Cid Vasques assumiu a pasta porque o governador Beto Richa (PSDB) estaria insatisfeito com os resultados de seu antecessor.
 
“Mas parece que, ao contrário do governador, a população não deve esperar resultados melhores”, aponta o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR). “O povo do Paraná está esperando o dia em que o governador Beto Richa realmente vai começar a governar. Enquanto a violência cresce e alguns policiais agem à revelia da lei, Richa só viaja para o exterior.”
 
Em viagem a Foz do Iguaçu, Beto Richa chegou a afirmar que todos os policiais responsáveis pela abordagem já estavam afastados, mas foi desmentido na quinta-feira, 29, pelo major Vanderley Rothenburg, comandante do 20º Batalhão da PM, ao qual pertencem os policiais. “Ninguém será afastado até que não seja ouvido no inquérito policial militar”, disse ele. Na sexta-feira, 30, porém, jornais noticiaram que dois dos 15 policiais envolvidos no caso passaram a executar por ora apenas tarefas administrativas. Os nomes e as patentes dos dois policiais não foram revelados.
 
“Ao que parece, o governador Beto Richa não é mais o chefe último da PM do Paraná”, alfineta Dr. Rosinha. “Quem decide, afinal?”, pergunta.
 
Para deputado, o aumento dos casos de violência policial no Estado mostra que a polícia do Paraná talvez esteja fora de controle. “Os policiais cometem esses atos como se não houvesse a possibilidade de serem punidos. Fazem o que querem, o que vem na cabeça.”

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